Falha de extubação orotraqueal após sucesso no teste de respiração espontânea
Extubation failure after a successful spontaneous breathing trial
Renata Cardoso da Silva, Renata Freres Alvarez, Idiel Araújo de Barros, Daniel Reis Santos, Simone Vilas Farias, Marta Gomes Duarte, Zaira Lima Pimentel, Bruno Prata Martinez
Resumo
Introdução: A falha na extubação aumenta os custos e a morbimortalidade hospitalar. Obter sua incidência e identificar os fatores associados a esta, ajudam na caracterização de pacientes com risco para falência no desmame ventilatório. Objetivo: Verificar a incidência de falha na extubação após sucesso no teste de respiração espontânea, identificando o valor do índice de respiração rápida e superficial (IRRS) que maximizou a acurácia na predição da falha de extubação. Métodos: Tratou-se de um estudo observacional, de corte longitudinal e retrospectivo, realizado no período de setembro de 2007 a julho de 2009, envolvendo indivíduos com idade superior a 18 anos, submetidos a ventilação mecânica (VM) por mais de 24 horas, submetidos à extubação orotraqueal. Resultados: A amostra final foi composta por 75 pacientes, com idade média de 55,3 a n o s ( + 17,5), predomínio de idade superior a 60 anos (44%), intubados por quadros de pós-operatórios (37%), sepse (14,6%), pneumonias (12%), falência cardíaca congestiva (10,6%), coma (9,3%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e asma (8%). O tempo médio de VM foi 4,71 dias (+ 3,7) e a incidência de falha na extubação 24%. O IRRS apresentou sensibilidade=16,6%, especificidade=100%, valor preditivo positivo (VPP)=100% e negativo (VPN)=78%. O IRRS de maior acurácia para falha na extubação foi 56,45 ciclos/ minuto/litro (sensibilidade=61,11 % e especificidade=70,91%). Conclusão: A incidência de falha na extubação foi superior às encontradas na literatura. O IRRS apresentou baixa sensibilidade, mesmo no ponto de maior acurácia, entretanto o mesmo apresentou um alto valor preditivo para falha.
Palavras-chave
Abstract
Background: The extubation failure increases morbidity and hospital costs. Obtaining the incidence and identifying factors associated with this, assist in the characterization of patients at risk for weaning failure. Objective: To determine the incidence of extubation failure after a successful spontaneous breathing trial and to identify a cutoff index of rapid shallow breathing (IRRS) which maximized accuracy in the prediction of failure in the intensive care unit. Methods: This is a descriptive, longitudinal, retrospective study performed from September 2007 to July 2009 in patients over 18 years, receiving mechanical ventilation (MV) for more than 24 hours, underwent endotracheal extubation. Results: The final sample comprised 75 patients, mean age 55.3 (+ 17.5) years, predominantly over 60 years old (44%), intubated for postoperative boards (37%), sepsis (14.6%), pneumonia (12%), congestive heart failure (10.6%), coma (9.3%) and chronic obstructive pulmonary disease (COPD) and asthma (8%). The mean duration of MV was 4.71 days (+ 3.7) and the incidence of extubation failure 24%. The mean duration of MV was 4.71 days (+ 3.7) and the incidence of extubation failure 24%. The IRRS had a sensitivity = 16.6%, specificity = 100%, positive predictive value (PPV) = 100% and negative (NPV) = 78%. The cutoff point that maximized accuracy in predicting extubation failure was 56.45 cycles/minute/liter (sensitivity = 61.11% and specificity = 70.91%). Conclusion: The incidence of extubation failure was higher than those found in the literature. The IRRS showed low sensitivity, even at the highest accuracy, however it showed a high predictive value for failure.
Keywords
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