Análise da força muscular respiratória pico de tosse reflexa e tempo de ventilação mecânica em pacientes com e sem disfagia
Analysis of respiratory muscle strength, peak cough reflex and duration of mechanical ventilation in patients with and without dysphagia
Roberta Weber Werle, Daniela Dias de Souza, Fernanda Kutchak, Sílvia do Amaral Sartori, Norberto Weber Werle, Luiz Henrique Schuch
Resumo
Introdução: Pacientes críticos apresentam grande possibilidade de complicações referentes à deglutição, devido à utilização da ventilação mecânica invasiva (VMI) e do tubo orotraqueal/traqueostomia.Objetivos:Comparar a força muscular respiratória e pico de fluxo de tosse reflexa em pacientes disfágicos e não disfágicos e comparar a força muscular respiratória e tempo de ventilação mecânica em pacientes neurológicos, disfágicos ou não, pós extubação orotraqueal ou desmame da traqueostomia.Método:Foram avaliados 38 pacientes, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em VMI, separados em grupo disfágico e não disfágico, entre 2010 e 2011. Quando em processo de extubação orotraqueal ou desmame da traqueostomia, foram avaliados a força muscular respiratória e pico de fluxo da tosse reflexa (PFTR). Entre 24 e 48 horas pós extubação, foi realizada a avaliação fonoaudiológica, através do Protocolo Fonoaudiológico de Avaliação do Risco para Disfagia. Análise estatística: Teste de Mann Whitney, Kruskal Wallis e coeficiente de correlação de Spearman. Significância estatística, p<0,05.Resultados: A avaliação identificou alterações no processo de deglutição em 71,1% (n=27) dos pacientes. Apenas 34,2% (n=13) dos pacientes apresentaram condições de receber dieta por via oral. A mediana de força dos músculos inspiratórios (p=0,5) e tempo de ventilação mecânica (p=0,4) foram similares entre o grupo de pacientes disfágicos e não disfágicos, bem como a mediana do PFTR (p=0,5). O grupo de pacientes com doença neurológica, disfágicos ou não, também, obteve mediana similar de força dos músculos inspiratórios (p=0,6) e os disfágicos necessitaram de maior tempo de ventilação mecânica, comparativamente aos não disfágicos; porém, sem diferença estatisticamente significante (p=0,3). Conclusão:Não foram encontradas diferenças no pico de fluxo de tosse reflexa e na força muscular respiratória, entre os grupos disfágicos e não disfágicos e na força muscular respiratória e tempo de ventilação mecânica em pacientes neurológicos.
Palavras-chave
Abstract
Introduction: Critically ill patients have a high risk of complications related to swallowing due to the use of invasive mechanical ventilation (IMV) and the endotracheal tube or tracheostomy. Objectives: To compare respiratory muscle strength and peak flow of cough reflex in dysphagic and non-dysphagic patients, and to compare respiratory muscle strength (RMS) and duration of mechanical ventilation in patients who have some neurological diseases, dysphagic or not after tracheal extubation or weaning from tracheostomy. Methods: Thirty eight patients were evaluated in the Intensive Care Unit (ICU) at IMV and divided into dysphagic and not dysphagic group, between 2010 and 2011. The RMS and the peak cough flow reflex (PFTR) were evaluated during tracheal extubation or weaning tracheostomy. Between 24 and 48 hours after extubation, speech assessment was performed by a speech pathologist who applied the Protocol Risk Assessment for Dysphagia (PARD). Statistical analysis: Mann-Whitney test, Kruskal Wallis and Spearman correlation coefficient. Statistical significance p <0.05. Results:The evaluation identified changes in the swallowing process in 71.1% (n=27) of patients. Only 34.2% (n=13) of patients presented conditions to receive an oral diet. The median inspiratory muscle strength (p=0.5) and the duration of mechanical ventilation (p=0.4) were similar between the group of patients with and without dysphagia, as well as the median PFTR (p=0.5). The group of patients with neurological disease, dysphagic or not, also achieved similar median inspiratory muscle strength (p=0.6) and dysphagic patients required longer time in mechanical ventilation compared to non dysphagic ones (p=0.3). Conclusion: There weren’t found differences in peak flow reflex cough and respiratory muscle strength between dysphagic and not dysphagic groups and in the respiratory muscle strength and duration of mechanical ventilation, in neurological patients.
Keywords
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