Brazilian Journal of Respiratory, Cardiovascular and Critical Care Physiotherapy
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Brazilian Journal of Respiratory, Cardiovascular and Critical Care Physiotherapy
Artigo Original

Retirada precoce do leito no pós-operatório de cirurgia cardíaca: repercussões cardiorrespiratórias e efeitos na força muscular respiratória e periférica, na capacidade funcional e função pulmonar

Early sitting out of bed after cardiac surgery: cardiopulmonary repercussions and effects on peripheral and respiratory muscle strength, functional capacity and pulmonary function

Luan Nascimento da Silva, Maria Jhany da Silva Marques, Ravena da Silva Lima, João Vyctor Silva Fortes, Mayara Gabrielle Barbosa e Silva, Thiago Eduardo Pereira Baldez, Marina de Albuquerque Gonçalves Costa, Rafaella Lima Oliveira, Daniel Lago Borges

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Resumo

Introdução: O momento e a circunstância ideais para sedestação fora do leito e suas implicações clínicas, após cirurgia cardíaca, ainda, necessitam de padronização. Objetivo: Verificar repercussões cardiorrespiratórias da retirada precoce do leito, em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca eletiva, e avaliar seus efeitos sobre a força muscular, capacidade funcional e função pulmonar de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca eletiva. Métodos: Foram randomizados 21 pacientes em dois grupos: controle (n = 12), que realizou fisioterapia convencional e intervenção, e (n = 9), que realizou a fisioterapia convencional em sedestação fora do leito, nas 48 horas de pós-operatório. Foram verificadas variáveis cardiorrespiratórias em cada intervenção. Os pacientes foram avaliados, através de manovacuometria, escala do Medical Research Council, Teste de Caminhada de 6 Minutos e espirometria, no pré-operatório e no dia da alta hospitalar. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (nº 1.152.559) e registrado no Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBR-8b33r8). Resultados: Observou-se elevação, estatisticamente, significativa, sem repercussão clínica, da frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação periférica de oxigênio e percepção subjetiva de esforço durante a sedestação, com retorno aos níveis iniciais, após o retorno ao leito. O duplo produto apresentou o mesmo comportamento durante a sedestação; porém, após o retorno ao leito, manteve-se elevado em relação aos valores basais. Observou-se redução dos valores de pressão inspiratória máxima, em ambos os grupos, enquanto a pressão expiratória máxima foi mantida no grupo intervenção. Na avaliação do MRC, verificou-se manutenção dos valores. Em ambos os grupos, foi observada redução da função pulmonar entre o pré-operatório e a alta hospitalar. Conclusão: A retirada precoce do leito, após cirurgia cardíaca, não gerou repercussão cardiorrespiratória, clinicamente, importante. Todavia, não proporcionou benefício adicional à força muscular periférica e capacidade funcional e não interferiu na função pulmonar, acarretando, apenas, manutenção da força muscular expiratória.

Palavras-chave

Cirurgia Cardíaca; Mobilização Precoce; Força Muscular Respiratória; Função Respiratória.

Abstract

Introduction: The timing and ideal circumstance for sitting patients out of bed and its clinical implications after heart surgery still require standardization. Objective: To verify the cardiopulmonary repercussions of early sitting out of bed in patients undergoing elective cardiac surgery and assess its effects on muscle strength, functional capacity and pulmonary function. Methods: 21 patients were randomized into two groups: control (n = 12) that were submitted to a conventional physiotherapy and; intervention group (n = 9) which were submitted to conventional physiotherapy whilst sitting out of bed, 48 hours after surgery. Cardiopulmonary variables were verified in both groups. Patients were evaluated by maximal inspiratory and expiratory pressures, scale of the Medical Research Council (MRC), six-minute walk test (6MWT) and spirometry, before the surgery and upon hospital discharge. The study was approved by the local ethics committee (nº 1.152.559) and registered in the national registry of clinical trials (RBR-8b33r8). Results: Heart rate, respiratory rate, peripheral oxygen saturation and subjective perception of effort during the physiotherapy sitting out of bed presented a non-significant increase which returned to baseline values after the end of session (i.e. returning to bed). Similarly, there was an increase in the double product in the intervention group. The variable, however, remained higher than baseline after session completion. At the hospital discharge, there was a reduction of the maximum inspiratory pressure in both groups, while the maximum expiratory pressure did not reduce in the intervention group. There was no change in the MRC in both groups at hospital discharge. Finally, there was a significant reduction in spirometry in both groups at hospital discharge. Conclusion: Early sitting out of bed in patients undergoing elective cardiac surgery do not impact cardiopulmonary outcomes to a clinically relevant extent. The intervention did not provide additional benefit on changes in peripheral muscle strength, functional capacity and pulmonary function. Additional benefits of sitting out of bed were only observed in the maintenance of expiratory muscle strength.

Keywords

Cardiac surgery; Early Mobilization; Respiratory Muscle Strength; Respiratory Function

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